1. Entre vozes e escritas: história oral e as escritas de si

Quem é este Eu que fala? Com quem e com que grupos sua voz se comunica? Como construir uma narrativa de pesquisa que dialogue com esse Eu, ponderando reflexões diante de sua subjetividade? O minicurso pretende abordar as conexões possíveis entre a história oral e as escritas de si como campos de estudos que possuem especificidades e convergências. 
Assim, trataremos de aspectos básicos sobre a metodologia da história oral e do tratamento dispensado às fontes mobilizadas pelas escritas de si, como diários, biografias, correspondências, relatos de viagem, entre outras.
Serão ainda tratadas as relações entre estas abordagens e a história das mulheres e das relações de gênero, bem como questões relativas a diferentes temporalidades, passíveis de observação por meio das pesquisas desenvolvidas pelas ministrantes.

Ministrantes:

Ana Beatriz Mauá (Doutoranda – PPGHS/USP)

Marcela Boni Evangelista (Professora Doutora – FEUSP)

Thaís Carneiro (Mestranda – PPGHS/USP)

2. História oral e escutas sensíveis: como a diversidade nos transforma

O minicurso pretende apresentar reflexões sobre como os projetos de história oral podem contribuir para uma história pública voltada à empatia, à diversidade e à transformação do próprio conhecimento. A ideia é levantar debates sobre não apenas o que a Academia pode fazer para transformar a vida, mas como a vida, por meio de nosso trabalho dialógico e de escuta sensível, pode nos transformar em profissionais melhores.

Ministrante:

Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Professora Doutora – Unifal/MG)

3. História oral e narrativas em educação: transformando currículos e práticas

A proposta do minicurso se alinha à noção de que o uso da história oral vem crescendo de maneira expressiva nas instituições escolares e frente a isso vem modificando questões curriculares e práticas de ensino e de pesquisa neste universo. Contribuem para esse cenário a popularização das tecnologias de registro, e a valorização dos saberes produzidos na escola de maneira a cada vez mais se colocar em destaque o cotidiano e as práticas de pessoas comuns, destacando que nessa perspectiva de análise emergem novos temas e problemas a serem pesquisados.

Assim, a educação vem se estabelecendo como campo de diálogo com a história oral, na reflexão sobre identidade, em aplicação de práticas de ensino e de aprendizagem em sala de aula que envolvam análises sobre pertencimentos e compreensão de diferenças presentes na comunidade escolar e sociedade em geral. Outro diálogo estabelecido se dá no campo das pesquisas nas quais vêm sendo produzidas com o registro de narrativas de educadores sobre práticas e identidades docentes.

Destaca-se, portanto, a necessidade de refletir sobre as interlocuções entre educação e de realização de trabalhos que assumam uma postura intercultural crítica, para a produção de um conhecimento complexo e plural, em processos dialógicos – “a partir de” e “com” os sujeitos imersos no universo escolar.

O minicurso será espaço para o debate e a crítica sobre tais questões e para um pensar e um agir humanizado e humanizador, motivador de processos de (re)criação, (re)existência nos quais o “com-viver” seja eixo norteador, no ambiente escolar.

Ministrante:

Suzana Lopes Salgado Ribeiro (Professora Doutora – UFMS)

4. História Oral na Cultura Contemporânea

Nesta oficina/curso online sobre relevância e trajetórias da oralidade e da História Oral na cultura contemporânea, abordaremos os seguintes tópicos: – História Oral e Biografias de figuras públicas e de pessoas comuns; – História Oral e Movimentos Culturais e Sociais; – História Oral e Linguagens da Arte: teatro, fotografia, música, artes visuais e cinema documentário; – História Oral e Literatura. Serão abordados alguns dos conceitos principais de História Oral a partir de projetos individuais e coletivos já desenvolvidos e publicados em livros e plataformas de História Publica na internet ao longo das últimas três décadas, em diálogo com projetos em andamento ou finalizados das pessoas participantes.

Ministrante:

Andréa Paula dos Santos Kamensky (Professora Doutora – UFABC)

5. Oralidade, literatura indígena e história oral na perspectiva indígena

ATENÇÃO: ESTE MINICURSO SERÁ MINISTRADO NO PERÍODO NOTURNO

Há 520 anos vem se impondo uma visão eurocêntrica sobre os Povos Indígenas que não reconhece a diversidade cultural, linguística, cosmológica enquanto epistemologias geradas a partir das ciências milenares. Nesse sentido, faz se necessário o diálogo na academia e fora da academia dos nossos saberes enquanto pensamentos capazes de sustentação de produções científicas fundamentadas por nossas epistemologias fundamentadas em nossos conhecimentos ancestrais repassados de geração a geração por meio da oralidade.  A importância da oralidade para os povos indígenas se dá principalmente nas trocas de saberes. A transmissão do conhecimento contido nas narrações pela tradição oral do mais velho para o mais novo é fundamental para a resistência e existência dos povos indígenas.

 Propomos neste minicurso dialogar sobre a perspectiva indígena de oralidade, literatura indígena e História Oral, trazendo presente as epistemologias constituídas a partir das visões de mundo, dos saberes, sabores, conhecimentos específicos e diferenciados da cultura indígena. Compartilhar nossos saberes e nosso fazeres por meio da literatura, da história oral da nossa produção de conhecimento, onde a oralidade é a nossa base fundamental.

As três ministrantes irão abordar uma temática do tema proposta de forma integrada, mas ao mesmo tempo aprofundando uma das temáticas: oralidade, literatura indígena, história oral na perspectiva indígena. Apresentaremos por meio de exposição e por meio de imagens. Serão três dias de minicurso, cada dia um dos itens da temática será aprofundado, com a interação do público que poderá fazer perguntas e trocar ideias após as explanações. Durante o minicurso utilizamos as nossas metodologias indígenas com cantos, danças e partilhas de vivências.

Resultados esperados: partilhas de experiências, diálogos, construção olhares que valorizem e reconheçam as epistemologias indígenas na construção de saberes na academia e fora da academia.

Ministrantes:

Márcia Mura (Doutora – NEHO-USP)

Ixe Márcia Mura, eu sou Márcia Mura do Paranã Madeira. Escrevo para resistir. Embora tenha escrito uma monografia de bacharelado em História na UNIR/RO em colaboração com o Povo Indígena Cassupá, uma dissertação com as quatro mulheres do seringal no mestrado em sociedade e cultura pela UFAM/AM e tenha puxado os fios das memórias ancestrais na escrita da tese de doutorado em História social pela USP, sou da oralidade, gosto de ouvir e contar histórias dos tempos antigos e trazer presente para a maneira que configuramos nosso mundo indígena, mesmo que em contextos ribeirinhos e cidades, mas também de aldeias. Gosto de fazer rodas de conversas com literatura indígena e fazer musicalizações com as crianças que criam sons batendo um caroço de tucumã no outro, esfregando um pauzinho no ouriço de castanha, e os mini instrumentos feitos com materiais naturais reaproveitáveis sem agredir o ambiente. Coloco-me a compartilhar saberes, sabores e fazeres tradicionais.

Márcia Kambeba (Escritora indígena)

Sou da etnia Omágua/Kambeba, nasceu numa aldeia Ticuna, onde viveu até os oito anos de idade, quando se mudou com a família para São Paulo de Olivença. Graduou-se em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Fiz o mestrado na Universidade Federal do Amazonas e pesquiso o território e identidade da meu Povo. Sou escritora, fotógrafa, geografa, engajada na luta por direitos Indígenas.

Letycya Payayá (Mestranda – Diversitas-USP)

Sou Indígena da etnia Payayá, Ativista, historiadora e militante na formação para professores na educação de base. Mestranda em Humanidades e História Oral Diversitas/USP. Pós-graduanda: especialização em História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas para a Educação, na A Casa Tombada. Arte Educadora, militante pela arte educação na periferia de São Paulo.